Novo Teatro Castro Alves

Salvador - BA , 2009

Concurso Nacional - Premiado com o 4° lugar Equipe: Eduardo Rocha Ferroni, Fernanda M. Palmieri, José Paulo Gouveia, Pablo Hereñú, Bruno Nicoliello, Carolina Sacconi, Carolina Yamate, Felipe Chodin e Renan Kadomoto. Consultores: Luis Carlos Chicherchio (Acústica e Conforto Ambiental) Mauro Zaidan (Orçamentos) Heloisa Maringone (Estruturas)


Duas virtudes e uma oportunidade As premissas adotadas para a reorganização do Complexo Teatro Castro Alves surgiram da percepção de que a força do projeto de Bina Fonyat se estrutura não apenas na expressividade e na inteligência da solução do edifício principal, mas principalmente na relação paisagística entre este edifício e o imenso vazio da grota que abriga a Concha Acústica. A existência desse vazio é fundamental para preservar a imponência da implantação do teatro. Por outro lado, ao longo do tempo o recinto da Grota não recebeu um tratamento à altura de sua importância, e as intervenções realizadas nesse setor o caracterizaram como um espaço secundário; os fundos do teatro. O presente concurso oferece a preciosa oportunidade de qualificar esse vazio, transformando-o em uma nova frente do TCA, que amplie as possibilidades de utilização do complexo elevando ainda mais seu papel de maior equipamento cultural do estado. Preservar essas virtudes e aproveitar essa oportunidade são os objetivos do projeto. Elementos Estruturadores Construídos A visão do atual conjunto construído a partir do Campo Grande é, provavelmente, a imagem que fica gravada na memória dos visitantes. Interferir ao mínimo nessa imagem foi a diretriz adotada. Para atender às solicitações do concurso foram propostas duas novas edificações. A primeira se acomoda sobre o leito da grota e abriga estacionamento e áreas de apoio à Concha Acústica. Sua inserção na paisagem é discreta, fundindo-se à topografia e integrando-se às estruturas existentes. A segunda, implantada sobre a encosta Oeste junto à Travessa Corneta Lopes, contém o programa do Centro de Referência em Engenharia do Espetáculo Teatral (CR) e programas administrativos. Ela cria em seu pavimento superior o novo Foyer Leste, em nível com o pavimento -2 do teatro. Este se conecta ao Campo Grande e ao Foyer Oeste existente através de uma ponte externa. Além de servir à nova Sala de Concertos, à Sala do Coro existente e ao Cinema, ele se transforma em uma galeria de exposição do CR através de um conjunto de vazios que permitem vislumbrar as atividades que se desenvolvem nos pavimentos inferiores. O Foyer Leste desfruta de vistas privilegiadas da cidade, da Concha Acústica e da grota com sua encosta arborizada plenamente preservada. Vazios Dois vazios desempenham papel estrutural para a reconfiguração do Complexo Teatro Castro Alves. Uma nova praça foi criada junto à Portaria do Sião com o objetivo de propiciar uma conexão qualificada e direta entre o novo Foyer Leste e os espaços de chegada de público nas cotas altas do complexo (Vão Livre, Foyer Oeste e Travessa Corneta Lopes). Áreas atualmente destinadas a estacionamento e trechos do sistema viário existente são oferecidas ao pedestre criando um novo eixo de circulação pública. O segundo vazio estruturador do projeto é o da grota e sua espacialidade, que o projeto procurou preservar e enfatizar. A substituição da atual cobertura do palco da Concha por uma nova estrutura, sobre a platéia, fez com que o vazio reconquistasse sua unidade. Um novo chão, cobertura do estacionamento, estende o limite do palco até a Ladeira da Fonte criando uma praça que multiplica as possibilidades cênicas da Concha e do Teatro Experimental e abre a possibilidade da realização de manifestações artísticas populares de diversas escalas. A este espaço se deu o nome de Praça das Artes.