Museu da Imagem e do Som – PRO

Rio de Janeiro - RJ, 2014

CONCURSO NACIONAL: Premiado (Menção Honrosa) / EQUIPE: Eduardo Ferroni, Pablo Hereñú, Camila Paim, Camila Reis, Bianca Fontana, Nathália Grippa, Levy Vitorino e Rodrigo Mendoza


RUA E LARGO: A CIDADE NO MUSEU

O museu e o bairro

Entre as principais virtudes da sede do MIS PRO, a mais relevante é certamente o seu endereço. Localizado no coração cultural do Rio, tema de imagens e sons fundamentais para a cultura brasileira, o MIS PRO tem, através da sua integração com a vida urbana da Lapa, um enorme potencial de amplificação do alcance de suas ações.

Partindo dessa premissa, o projeto se configura como uma expansão do espaço urbano para o interior do lote, franqueando o acesso no nível térreo, onde se localizam todos os programas de acesso livre público. Após percorrer a rua de exposições proposta, o visitante chega a um largo do museu situado no miolo da quadra, entre o edifício existente e o novo anexo. Animado pela presença do café e do auditório, o largo permite a realização de encontros, feiras, exposições, apresentações musicais e projeções de filmes ao ar livre. Passarelas e escadas de emergência podem se transformar em platéias, permitindo uma rica diversidade de configurações.

Organização geral do programa

Uma vez constatada a inadequação dos edifícios existentes para a guarda do acervo nas condições de excelência especificadas no edital, decidiu-se concentrar toda a reserva técnica em uma nova edificação, viabilizada pela demolição do edifício da escola de dança, e distribuir os demais setores na edificação protegida existente. Os programas de acesso livre público foram localizados no térreo e os de acesso público controlado – pesquisa e biblioteca – no primeiro pavimento. Os espaços administrativos e de trabalhos técnicos ocupam os três níveis superiores.

Espaços de uso público

Junto ao acesso pela Rua Visconde de Maranguape, o saguão de acolhimento permite ao público situar-se antes de iniciar sua visita. Ali se encontram a recepção geral – que controla a escada e o elevador de público que conduzem aos níveis superiores -, a loja e as vitrines de exposição das novas aquisições.

O prolongamento do espaço de acolhimento vai escurecendo à medida em que se afasta das aberturas frontais e zenitais e se configura como uma Rua de Exposições temporárias. Através dela, o visitante chega ao Largo do Museu, localizado no miolo da quadra e circundado pelo auditório e pela varanda do café.

Essa sequencia de espaços públicos no nível térreo possui total independência dos demais setores do museu e pode ficar aberta durante as 24 horas do dia sem comprometer a segurança do conjunto.

Ao chegar ao vestíbulo no primeiro pavimento, o visitante encontra de um lado o acesso à biblioteca e do outro a recepção da área de pesquisa. A biblioteca se desdobra em dois níveis articulados por um vazio central rodeado de livros. A área de pesquisas se distribui entre pátios de luz e recintos fechados que abrigam os estúdios e as ilhas de edição.

No segundo e terceiro pavimentos do bloco frontal, voltadas para o Largo da Lapa, localizam-se as salas de aula, em pares que podem ser integrados configurando dois, três ou quatro espaços independentes.

Espaços de uso interno

A circulação de serviços e cargas percorre o térreo até a recepção de serviços localizada no bloco da reserva técnica. A partir daí, se movimenta exclusivamente no interior deste e vai da triagem até o seu correspondente local de armazenamento. A comunicação entre o acervo e o outro edifício ocorre em apenas dois pontos: junto à área de pesquisa e aos laboratórios de conservação.

Funcionários dos setores técnicos e administrativos podem utilizar os dois núcleos de circulação vertical disponíveis, conforme a conveniência: o que se encontra localizado próximo ao acesso e que também serve ao público externo, ou o que se encontra no edifício da reserva técnica e que possui acesso restrito e controlado.

Intervenções no edifício existente

Além da recuperação e restauração das fachadas e coberturas, o edifício existente foi dotado de um novo sistema de circulação vertical. Uma escada ampla e adequada às normas de conforto e segurança ocupa o vazio da escada e elevador antigos e um elevador de maior capacidade foi instalado no espaço vazio do prisma de ventilação 06.

Os vazios dos outros cinco prismas foram transformados em espaços internos através de caixilhos laterais e zenitais, o que permitiu a demolição de todas as alvenarias interiores configurando espaços amplos e integrados, adequados aos usos propostos e às novas infraestruturas de climatização.

A faixa central de piso em ladrilho existente foi preservada em todos os pavimentos, o que somado às paredes externas e ao desenho original das aberturas junto às fachadas, cria uma ambientação das áreas de trabalho onde os diferentes tempos da arquitetura dialogam. As divisórias de vidro utilizadas pontualmente nessas áreas de trabalho, permitem a configuração de ambientes privativos sem interromper a continuidade espacial do conjunto. Os diferentes setores localizados no segundo, terceiro e quarto pavimentos se relacionam visualmente através dos vazios internos, constituindo uma unidade espacial integrada para todos os funcionários.

O edifício da reserva técnica

Para atender ao dimensionamento do programa solicitado, foi necessário construir uma edificação anexa que atinge o limite do potencial construtivo permitido atualmente pela legislação, determinado fundamentalmente pelo gabarito máximo de 14 metros e pela taxa de ocupação de 70% da área do lote. Devido aos riscos e dificuldades envolvidos na construção de subsolos nesta área da cidade, a proposta adota apenas um nível nesta condição, destinado a depósitos secundários e áreas de apoio complementares.

O edifício da reserva técnica foi dimensionado com uma margem 10% superior à capacidade inicial solicitada e se organiza tecnicamente de maneira a possibilitar uma futura expansão vertical, em condições urbanísticas a serem analisadas pelo poder público municipal no momento de sua realização.

Pensado como uma caixa de jóias, o edifício possibilita o acesso externo independente a todos os sistemas de instalações necessários. A setorização permite a climatização distinta para cada tipo de suporte/meio e o posicionamento das antecâmaras propicia a subdivisão mais conveniente de cada setor.