Habitação Estudantil Unifesp

Osasco - SP, 2015

CONCURSO NACIONAL: 1º Lugar / EQUIPE: Eduardo Ferroni, Pablo Hereñú, Bianca Fontana, Camila Paim, Camila Reis, Nathália Grippa e Levy Vitorino.


PRAÇA E PÁTIO

 A implantação da Moradia Estudantil do Campus Osasco da UNIFESP oferece a oportunidade de configurar uma das “portas” de entrada ao novo campus e de simbolizar, através de sua arquitetura, a dimensão pública da vida estudantil em uma universidade federal. Simultaneamente, é necessário conferir aos espaços um caráter doméstico e acolhedor, que permita realizar a mediação com a atmosfera residencial e pouco densa do bairro no qual o conjunto se insere.

 Outra questão primordial a enfrentar é a caracterização dos espaços vazios, configurando com clareza, através das edificações e do posicionamento dos programas, os limites e os pontos de contato entre os setores de acesso livre público e os de acesso controlado.

 A posição do lote destinado às moradias em relação aos elementos existentes no bairro sugeriu a criação de uma praça pública ao longo da Rua Newton Estilac Leal que articula os fluxos urbanos, concilia as variações de escala das construções e possui dimensões apropriadas à instalação de equipamentos de lazer e esportivos de livre acesso à comunidade local.

 A organização das edificações do conjunto conformando um pátio apresentou-se como a mais coerente com as premissas urbanas adotadas além de possibilitar uma condição de “dupla fachada” dos programas de uso coletivo geral que podem dessa forma ativar tanto o pátio interno como a praça pública.

 A implantação da tipologia do bloco com pátio sobre a topografia acidentada permitiu o terraceamento da massa edificada, criando uma condição de múltiplos níveis junto ao chão (múltiplos térreos), uma série de terraços frequentáveis nas coberturas e uma grande diversidade de situações espaciais. O programa como um todo se resolve em oito níveis, no entanto a altura dos segmentos se limita a uma variação entre térreo +2 e térreo +4 pavimentos. Essa situação facilita ainda a acessibilização plena do conjunto, que se realiza através dos dois elevadores, posicionados junto às portarias, e do sistema de rampas internas e externas.

 Nos trechos que configuram o perímetro de contato com os espaços públicos (segmentos A/D/E/F), os pontos de contato com o chão abrigam os programas de uso coletivo geral que melhor aproveitam a condição de duplo acesso (interno e externo). Assim, se configuram tanto no pátio como na praça, “largos” que se vinculam a diferentes programas – largo do cineclube/teatro, da biblioteca comunitária, do ateliê comunitário, da academia e do salão multiuso.

 A distribuição dos núcleos de moradia e dos espaços de uso coletivo intermediário (estar e estudo) atende as quantidades solicitadas, mas seu posicionamento, aliado ao sistema de circulação interna, permite uma utilização flexível, que evita a configuração de unidades de vizinhança estáticas. Desta forma os usuários podem escolher o espaço que desejam utilizar a partir de relações dinâmicas, sejam de proximidade ou de afinidade, entre muitas outras.

 A construção foi pensada a partir de uma lógica modular que propicia a adoção de níveis diversos de pré-fabricação e de pré-moldagem no canteiro, desde a estrutura aos fechamentos e elementos de mobiliário como nichos para armários e bancos.

 A modulação estrutural, com vãos relativamente reduzidos, permite a utilização de peças convencionais e econômicas de mercado. Essa lógica se aplica igualmente aos sistemas de vedação, que utilizam painéis e placas leves e padronizadas.

 A orientação adotada para as unidades, associada às condições de iluminação e ventilação naturais cruzadas e à técnicas de reuso de água e de captação de energia solar, fazem com que o conjunto possa apresentar altos índices de eficiência energética e de desempenho ambiental.